Essa é uma questão bem complicada e controversa. Geralmente não conseguimos cobrar por um trabalho, o que ele realmente vale. Seu cliente está disposto a pagar e valorizar seu produto a ponto de você colocar muito esforço nele?
Se você é um desenvolvedor autônomo de planilhas começo perguntando: Quanto vale o tempo que você vai investir para criar uma solução em planilha? Quando digo tempo inclua na lista: o tempo que sacrificará de horário de descanso, o tempo que deixará a família para criar a solução, a quantidade de finais de semana que serão utilizados para desenvolver e aprimorar o trabalho e por fim quanto tempo de testes você fará no produto antes de entregá-lo.
Vender por vender não é a pior parte da tarefa. Se você tiver uma boa ideia para planilha basta desenvolve-la, oferecê-la aos interessados e concluir a transação com a formalização da venda (envolvendo, é claro, uma negociação, investimento em marketing, preparação de campanha de lançamento, divulgação em redes sociais, criação de meios de aquisição como um webcommerce, etc).
Se você foi procurado para desenvolver uma solução em planilha isso é mais fácil pois a venda está praticamente consolidada.
Agora vem a parte chata: já parou para pensar no suporte técnico que será feito posteriormente na planilha? Você considerou a possibilidade de que todos que adquirirem podem te pedir alterações? Já comece mensurando quanto tempo você vai ter de trabalho/retrabalho ao entregar seu produto. Um contrato de compra e venda que trate desse quesito é essencial para se prevenir que você não vá trabalhar centenas de horas a mais do que as previstas.
Você está tem uma infraestrutura mínima para receber ligações, responder a e-mails e pedidos de alteração de forma profissional? Tem registro da solicitação, data que foi feita, quem fez a solicitação e fez uma previsão de fornecimento da nova versão? Devemos não somente parecer profissionais. Devemos ser profissionais quando está envolvido uma transação comercial, afinal, você não quer se apresentar no mercado como um “picareta” ou “desorganizado”, quer? Ou pior! Toda transação comercial está protegida pelo código de defesa do consumidor. Se ele se sentir prejudicado, você deve estar preparado para ressarcir o valor investido pelo cliente ou até mesmo enfrentar um processo judicial (em situações extremas é claro!).
Se você e um empresário da área, tem funcionários e uma sala comercial ainda precisará pensar no salário, impostos e custos de manutenção do espaço!
Para o desenvolvimento em si você deve considerar ainda quantas horas foram dispendidas no processo. E não é só! Pense também em quantas horas você levou para testar e no investimento que você fez em cursos, certificações para chegar no seu nível de conhecimento!.
Ainda falando do projeto, ele sofrerá alterações? Se sofrer, você oferecerá gratuitamente para quem comprou a versão 1 ou pretende cobrar pela atualização. Não esqueça de colocar isso no contrato também.
Se você cobrar seu trabalho muito barato estará prejudicando o mercado em geral e poderá fazer que seus trabalhos futuros não sejam mais valorizados (financeiramente, é claro!) pois o cliente sempre vai fazer a comparação “de que o anterior foi mais em conta”, “o anterior apresentava mais recursos”, “você deu suporte e fez alterações sem cobrar isso a mais”, etc. Essa política do barato é melhor só funciona quando você pensar em fazer vendas em larga escala. Pense nisso!
Se você cobrar muito caro venderá poucas cópias da planilha. Achar um ponto de equilíbrio é essencial para que você possa ter lucro na operação, o produto seja aceitável no mercado e que ele te gere uma renda constante (pois você pode vender o produto a longo prazo). Criar um versionamento do projeto, lançando novidades periodicamente ou fornecer aos seus clientes essas atualizações podem facilitar o aceite do seu produto no mercado. Essa política de preço mais alto vai funcionar se realmente você tiver um produto único e diferenciado no mercado.
Não esqueça de proteger seu produto com senha e mecanismos que impeçam que pessoas o alterem e ponham no mercado para a venda. Infelizmente estamos em um país onde a propriedade intelectual não é levada em conta e a pirataria pode ser um problema.
Enfim, definir um preço a um trabalho é um trabalho árduo e o desenvolvedor (você!) deve pensar nele com muita calma e atenção. Não saia oferecendo preços e orçamentos logo na primeira visita. Peça um tempo para enviar a proposta. Muitas vezes não vemos todas as variáveis que afetam o projeto se não forcarmos nele!
E você? Quanto cobra pelo seu trabalho?
Abraços e até o próximo artigo.
Alessandro Trovato
Catálogo de aulas (NOVIDADE)
Criei um catálogo de aulas para ajudar você em seus estudos. Acesse clicando na imagem abaixo ou clique aqui.